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sábado, 29 de setembro de 2012

ATUALIZADO: Desembargador do TJDFT reconsidera a suspensão liminar do concurso do CDCA e prova está mantida para este domingo, 30/9



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ATUALIZANDO:

CONCURSO PARA CONSELHO TUTELAR DO DF É MANTIDO


O Desembargador da 4ª Turma Cível do TJDFT reconsiderou a liminar que determinava a suspensão do Edital nº 01, de 30 de Julho de 2012, do concurso aberto pelo Conselho dos Direitos da Criança e do Adolescente no Distrito Federal – CDCA. 

Com a reconsideração o concurso será realizado no próximo domingo, 30/9/ 2012.

Na decisão, o desembargador ressaltou: "Com efeito, a realização do procedimento eletivo está previsto para o próximo domingo e a sua suspensão, no momento, poderá trazer transtornos administrativos e prejuízos financeiros para a entidade".

As outras questões trazidas pela Associação dos Conselheiros Tutelares do DF serão analisadas oportunamente.

DESEMBARGADOR SUSPENDE EDITAL PARA ELEIÇÃO DE CONSELHEIROS TUTELARES DO DF


O Desembargador da 4ª Turma Cível do TJDFT suspendeu, liminarmente, o Edital nº 01, de 30 de Julho de 2012, do concurso aberto pelo Conselho dos Direitos da Criança e do Adolescente no Distrito Federal – CDCA. O concurso foi suspenso a pedido da Associação dos Conselheiros Tutelares do DF. 


De acordo com a associação, o mandato de 4 anos dos atuais conselheiros termina apenas em 24/12/2013 e não existe Lei Federal que tutele a regra de transição ao final dos mandatos. No pedido liminar, a autora requereu a suspensão do concurso, na fase em que se encontra, bem como a prorrogação automática dos mandatos dos atuais conselheiros filiados à associação até a posse dos novos conselheiros eleitos no pleito unificado nacionalmente, previsto no art. 139, da Lei 8069/1990.


Ao analisar o pedido, o desembargador considerou presentes os requisitos legais para o deferimento da liminar, qual seja, a fumaça do bom direito e o perigo de dano irreparável ou de difícil reparação, ante a iminência do processo eletivo, que foi antecipado da previsão inicial, 2/12/2012, para ocorrer no próximo domingo, 30/9/2012.


O mérito do recurso será analisado oportunamente pelo colegiado da 4ª Turma Cível. O desembargador determinou a intimação das partes para prestarem as informações pertinentes ao caso.

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Prova está mantida para este domingo, 30/set.


Fonte: TJDFT

Sarney propõe criação de comissão para atualizar Lei de Execução Penal


Agência Senado

O presidente do Senado, José Sarney, apresentou requerimento (RQS 848/2012) na última terça-feira (25) para a criação de uma comissão especial de juristas destinada a elaborar proposta de atualização da Lei de Execução Penal (Lei 7.210/1984). O colegiado será composto de 11 membros, designados pela Presidência do Senado.

A comissão especial se soma a outras formadas nos últimos anos para colaborar no processo de aperfeiçoamento da legislação brasileira. Na justificativa do requerimento, Sarney argumenta que a Lei de Execução Penal (LEP), datada de 11 de julho de 1984, precisa ser adaptada à atual realidade da sociedade.

A comissão funcionará nos mesmos moldes de outras já instituídas no Senado com propósito semelhante, como as encarregadas de propor as reformas do Código de Processo Penal, Código de Processo Civil, Código de Defesa do Consumidor, Código Eleitoral e Código Penal.

As duas primeiras propostas (PLS 156/2009 e PLS 166/2010) já foram aprovadas no Senado e agora tramitam na Câmara dos Deputados. Os projetos dos novos Código de Defesa do Consumidor (PLS 281/2012) e Código Penal (PLS 236/2012) estão sob análise de comissões especiais de senadores.

Os juristas nomeados debaterão o tema e formularão a proposta de novo texto como prestação de serviço público não remunerado ao Senado. A comissão receberá sugestões dos cidadãos e realizará audiências públicas. Depois de aprovada na comissão, a proposta da nova LEP tramitará no Senado como projeto de lei.

Não mexam comigo!


sexta-feira, 28 de setembro de 2012

Ministro divulga nota para reagir a crítica do colega Marco Aurélio Mello


Criticado pelo ministro Marco Aurélio Mello depois que discutiu com Ricardo Lewandowski no plenário do Supremo Tribunal Federal (STF), o ministro Joaquim Barbosa, afirmou em nota que "jamais" tirou "proveito de relações de natureza familiar" para ascender profissionalmente. Mello foi indicado para ocupar o posto de ministro no STF em 1990 pelo então presidente Fernando Collor de Mello, de quem é primo. Mello disse que a crítica não o alcançou. “Infelizmente, ou felizmente, ele [Barbosa] não guarda parentesco com Collor”, disse.
Na sessão de julgamento do mensalão na última quarta (26), uma divergência entre Barbosa, que é relator do processo, e Lewandowski, revisor, provocou uma discussão áspera entre os dois durante cerca de 15 minutos. Marco Aurélio Mello chegou a repreender Barbosa: "Policie a sua linguagem". Depois, fora do plenário, Mello questionou as condições do colega de presidir o Supremo – Barbosa substituirá o atual presidente, Ayres Britto, que vai se aposentar em novembro.
Na nota, o ministro Joaquim Barbosa disse que Mello é um "obstáculo"  a qualquer presidente do Supremo. "Um dos principais obstáculos a ser enfrentado por qualquer pessoa que ocupe a Presidência do Supremo Tribunal Federal tem por nome Marco Aurélio Mello. Para comprová-lo, basta que se consultem alguns dos ocupantes do cargo nos últimos 10 ou 12 anos", diz no texto da nota.
Barbosa afirmou que ascendeu na carreira com base no mérito e não no parentesco. “Ao contrário de quem me ofende momentaneamente, devo toda a minha ascensão profissional a estudos aprofundados, à submissão múltipla a inúmeros e diversificados métodos de avaliação acadêmica e profissional. Jamais me vali ou tirei proveito de relações de natureza familiar", disse Barbosa em nota divulgada por seu gabinete.
Marco Aurélio Mello afirmou que a nota de Barbosa não o “alcançou”. Ele afirmou que, “por enquanto”, a eleição de Barbosa para o comando do STF não está “em risco”.
“Só exteriorizei uma preocupação, que deve ser a preocupação geral. Quanto ao que poderíamos ter no futuro, admitindo a eleição dele [Barbosa]. Se eu não admitisse a eleição dele, não estaria preocupado”, disse. Mas Marco Aurélio levanta uma dúvida sobre a eventual aclamação de Barbosa para a presidência do Judiciário. “Não sei, evidentemente. Teremos uma eleição. E voto é voto”, observou.
Nesta quinta-feira (27), um dia após Barbosa e  Ricardo Lewandowski, revisor do processo do mensalão,  protagonizarem mais um debate acalorado no plenário do STF, o ministro Marco Aurélio Mello criticou o tom usado pelo relator para se contrapor ao voto do revisor e questionou uma futura gestão do colega na presidência do tribunal.
“Como é que ele (Barbosa) vai coordenar o tribunal? Como vai se relacionar com os demais órgãos e demais poderes? Mas vamos esperar. Nada como um dia após o outro”, disse o ministro.
No intervalo da sessão desta quinta, Marco Aurélio voltou a falar sobre o assunto. Ele se disse "muito preocupado". "O presidente é um coordenador. Ele é um algodão entre cristais. Não pode ser metal entre cristais", declarou.
Marco Aurélio ainda destacou que a eleição de Barbosa para a presidência do STF não é automática. Ele, no entanto, disse que parte da premissa de que o relator será eleito.
Irritado com as declarações do colega de tribunal, Barbosa chegou a procurar Ayres Britto, ao final da sessão, para reclamar de Marco Aurélio Mello. "Quem esse cara [Marco Aurélio] pensa que é?", afirmou o relator, no meio do plenário, ao chefe do Judiciário.
Por tradição, o escolhido para presidir o Supremo é o ministro mais antigo da corte que ainda não tenha ocupado o cargo. Porém, mesmo que de forma protocolar, os magistrados terão de realizar uma votação secreta para eleger Joaquim Barbosa o novo chefe do Judiciário.
Na nota, o relator do mensalão assegura que, “caso venha a ter a honra de ser eleito presidente da mais alta corte de Justiça do nosso país nos próximos meses”, como está previsto nas normas regimentais, não protagonizará “decisões rocambolescas”.
“Estou certo de que de mim não se terá a expectativa de decisões rocambolescas e chocantes para a coletividade, de devassas indevidas em setores administrativos, de tomadas de posição de claro e deliberado confronto para com os poderes constituídos, de intervenções manifestamente "gauche", de puro exibicionismo, que parecem ser o forte do meu agressor do momento.
Íntegra da nota do ministro Joaquim Barbosa:
"Um dos principais obstáculos a ser enfrentado por qualquer pessoa que ocupe a Presidência do Supremo Tribunal Federal tem por nome Marco Aurélio Mello. Para comprová-lo, basta que se consultem alguns dos ocupantes do cargo nos últimos 10 ou 12 anos. O apego ferrenho que tenho às regras de convivência democrática e de justiça me vem não apenas da cultura livresca, mas da experiência concreta da vida cotidiana, da observância empírica da enorme riqueza que o progresso e a modernidade trouxeram à sociedade em que vivemos, especialmente nos espaços verdadeiramente democráticos.
Caso venha a ter a honra de ser eleito Presidente da mais alta Corte de Justiça do nosso País nos próximos meses, como está previsto nas normas regimentais, estou certo de que de mim não se terá a expectativa de decisões rocambolescas e chocantes para a coletividade, de devassas indevidas em setores administrativos, de tomadas de posição de claro e deliberado confronto para com os poderes constituídos, de intervenções manifestamente "gauche", de puro exibicionismo, que parecem ser o forte do meu agressor do momento.
Ao contrário de quem me ofende momentaneamente, devo toda a minha ascensão profissional a estudos aprofundados, à submissão múltipla a inúmeros e diversificados métodos de avaliação acadêmica e profissional. Jamais me vali ou tirei proveito de relações de natureza familiar".

Após 20 anos, envolvidos em Massacre do Carandiru irão a juri popular




Perto de completar, no próximo dia 2 de outubro, 20 anos do maior massacre já registrado no sistema penitenciário brasileiro, quando 111 detentos foram mortos durante uma invasão policial para reprimir uma rebelião no Presídio do Carandiru, na capital paulista, a Justiça de São Paulo decidiu hoje (27/9) que 28 dos policiais militares acusados pelo massacre vão a júri popular no dia 28 de janeiro de 2013. O júri está marcado para as 9 horas, no Fórum da Barra Funda, na zona oeste da capital paulista. A decisão é do juiz José Augusto Nardy Marzagão, da Vara do Júri de Santana. O processo será julgado em etapas, devido ao grande número de réus envolvidos.

De acordo com o Tribunal de Justiça de São Paulo serão julgados nesta primeira etapa os policiais Ronaldo Ribeiro dos Santos, Aércio Dornellas Santos, Wlandekis Antônio Cândido Silva, Roberto Alberto da Silva, Joel Cantílio Dias, Antonio Luiz Aparecido Marangoni, Valter Ribeiro da Silva, Pedro Paulo de Oliveira Marques, Fervásio Pereira dos Santos Filho, Marcos Antônio de Medeiros, Haroldo Wilson de Mello, Luciano Wukschitz Bonani, Paulo Estevão de Melo, Roberto Yoshio Yoshicado, Salvador Sarnelli, Fernando Trindade, Antônio Mauro Scarpa, Argemiro Cândido, Elder Taraboni, Sidnei Serafim dos Anjos, Marcelo José de Lira, Roberto do Carmo Filho, Zaqueu Teixeira, Osvaldo Papa, Marcos Ricardo Polinato, Reinaldo Henrique de Oliveira, Eduardo Espósito e Maurício Marchese Rodrigues.

A advogada Ieda Ribeiro de Souza, que defende 79 policiais acusados pelas mortes, esperava que o julgamento fosse marcado após o resultado da perícia do confronto balístico feita pelo Instituto de Criminalística (IC), disse à Agência Brasil. No entanto, em sua decisão, o juiz José Augusto Nardy Marzagão considerou que, diante da impossibilidade atestada pelo IC de fazer o confronto de balística, a falta da perícia não deverá prejudicar o julgamento.

“Qual a razão de ser da existência de um processo que permanece sem julgamento por 20 anos? A resposta nos parece óbvia... A rigor, torna-se imperioso o julgamento do presente feito”, diz o juiz, em sua decisão.

No dia 2 de outubro de 1992, cerca de 360 policiais invadiram o Presídio do Carandiru durante uma rebelião e mataram, com uso de metralhadoras, fuzis e pistolas, ao menos 111 presidiários. A ação dos policiais é considerada um dos mais violentos casos de repressão à rebelião em casas de detenção no país.

Sancionada lei que tipifica crime de formação de milícias


A  lei que torna crime a formação de milícias e ou de grupos extermínio foi publicada na edição do Diário Oficial desta sexta-feira (28). A presidente Dilma Rousseff sancionou lei que altera o artigo do Código Penal, que é de 1940.
Não havia previsão para a prática de crimes cometidos pelas milícias; os integrantes dos grupos só eram punidos se cometessem outros crimes, como homicídio e extorsão.
Dentre as práticas consideradas crimes estão constituir, organizar, integrar, manter ou custear organização paramilitar, milícia particular, grupo ou esquadrão. A pena prevista é de 4 a 8 anos de reclusão.
De acordo com a nova lei, se um crime como homicídio for cometido por um miliciano ou integrante de grupo de extermínio sob o pretexto de segurança, a pena pode ser aumentada de 1/3 até a metade.
Na maioria das vezes, milicianos são agentes de segurança pública que ameaçam e agridem moradores, obrigando a comunidade a pagar por serviços, como fornecimento de gás, transporte clandestino e TV a cabo ilegal.
Saiba mais...
A Câmara dos Deputados aprovou nesta quarta-feira (5) projeto de lei que tipifica no Código Penal a formação de milícias ou grupos de extermínio. O texto segue para sanção presidencial.
De autoria do deputado Luiz Couto (PT-PB), a proposta prevê pena de quatro a oito anos de prisão para quem “constituir, organizar, integrar, mantiver ou custear organização paramilitar, milícia particular, grupo ou esquadrão” com a finalidade de praticar crimes. Esse tipo de crime ainda não estava tipificado no Código.
O texto também estabelece que a pena prevista paras homicídios seja aumentada de um terço à metade se o crime for praticado “por milícia privada, sob o pretexto de prestação de serviço de segurança, ou por grupo de extermínio.”
A pena atual para homicídio doloso (com intenção de matar) vai de 12 a 30 anos de reclusão. Para o autor do projeto aprovado pela Câmara, endurecer a pena para quem pratica crimes no âmbito de milícias é necessário para demonstrar que a sociedade brasileira não “tolera” a formação desses grupos.
“Seja ele praticado em situações de conflitos éticos, religiosos, políticos ou sociais, seja por intolerância a diversidade de comportamento e as outras minorias, seja aquele consumado por grupos que se arrogam direitos de fazer justiça ou que se escondem sob outras falsas

roupagens de prestação de serviços para angariar certa simpatia junto a sociedade ou a complacência de autoridades públicas, o extermínio de pessoas não pode ser tolerado”, afirmou o deputado.
 


Do G1

terça-feira, 25 de setembro de 2012

Presidente discursou na abertura da 67ª Assembleia-Geral da organização.


A presidente Dilma Rousseff criticou nesta terça-feira (25), durante discurso na abertura na 67ª Assembleia-Geral da Organização das Nações Unidas (ONU), em Nova York, a política dos países ricos contra a crise financeira internacional.
"A grave crise econômica de 2008 ganhou novos e inquientates contornos. A opção por políticas econômicas ortodoxas vem agravando a crise em economias desenvolvidas. [...] As principais lideranças do mundo desenvolvido ainda não encontraram caminho que articulam ajustes fiscais para interromper a recessão", disse.
O encontro da ONU em Nova York, que reúne os 193 países-membros da organização, se dá em meio à tensão vivida em vários países do Oriente Médio, com protestos e ataques a embaixadas dos Estados Unidos no mundo árabe. No discurso, ela também voltou a defender a soberania da Palestina e criticou o que chamou de "preconceito islamofóbico".
Para a presidente, "a política monetária não pode ser a única resposta para interromper o crescente desemprego, a pobreza e o desalento que afeta no mundo as camadas mais vulneráveis da população".
Segundo Dilma, as ações dos países ricos acarretam em prejuízos para os países em desenvolvimento. "Os bancos centrais dos países desenvolvidos insistem em política monetária e os países emergentes perdem mercado devido à valorização artificial de suas moedas."
Protecionismo
Ela pediu que medidas de proteção, como as tomadas pelo governo brasileiro para defender a indústria nacional, não sejam "injustamente classificadas como protecionismo". "A legítima defesa comercial está amparada pelas normas da Organização Mundial do Comércio. [...] O protecionismo e formas de manipulação do comércio devem ser combatidas", disse, acrescentando que algumas ações ocorrem de "forma espúria e fraudulenta".

Antes do discurso, Dilma se encontrou com o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon. Ele também falou na conferência e fez um apelo pela paz mundial.



A presidente brasileira classificou como "urgente" a construção de um "amplo pacto" pela retomada do crescimento global. "Não haverá resposta eficaz à crise enquanto não se intensificarem esforços de cooperação entre os países e organisms multinacionais, como o G20."
Dilma classificou de "falso dilema" o entendimento que as medidas de ajuste fiscal não devem ser atreladas aos estímulos ao crescimento econômico. Ela citou o exemplo do Brasil, onde, segundo a presidente, crescimento e austeridade convivem. "Superamos a visão incorreta que coloca de um lado as medidas de austeridade e o estímulo ao cerscimento. Esse é um falso dilema", afirmou.
Assembleia da ONU
Tradicionalmente, cabe ao chefe de Estado brasileiro fazer o discurso que marca a abertura da assembleia. Isso porque o país foi o primeiro a aderir ao organismo internacional, em 1945.
A conferência deste ano tem como tema a prevenção e a resolução pacífica de conflitos internacionais. De acordo com o Itamaraty, entrará também no debate a adoção dos compromissos firmados na Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, a Rio+20, que ocorreu na capital fluminense em junho deste ano.
Em 2011, Dilma foi a primeira mulher a fazer o discurso de inauguração da assembleia. Na ocasião, a presidente defendeu a criação do Estado palestino e exaltou o papel da mulher na política internacional.
Agenda
Em Nova York desde domingo (23), a presidente teve como único compromisso oficial na segunda (24) um encontro com o presidente da Comissão Europeia, José Manuel Durão Barroso. O português ocupa cargo executivo na União Europeia, que ainda sofre efeitos da crise econômica de vários países do bloco.
Na cidade, Dilma está acompanhada da filha Paula e de cinco ministros: Antonio Patriota (Relações Exteriores), Aloizio Mercadante (Educação), Fernando Pimentel(Desenvolvimento, Indústria e Comércio), Aguinaldo Ribeiro (Cidades) e Helena Chagas(Secretaria de Comunicação Social), além do assessor para assuntos internacionais, Marco Aurélio Garcia.
Antes do encontro com Durão Barroso, a presidente passeou a pé pela cidade e almoçou em um restaurante na região do Upper East Side, segundo informou a BBC. O retorno de Dilma para Brasília está previsto para quarta (26).

Comissão da Verdade cria grupo para investigar Operação Condor


Um grupo de trabalho, coordenado pela Comissão Nacional da Verdade, vai investigar as atividades da Operação Condor, que oficialmente começou a vigorar em 1975 em plena ditadura militar. A operação foi uma aliança político-militar entre os governos autoritários do Brasil, da Argentina, do Chile, da Bolívia, do Paraguai e do Uruguai. A estimativa é que mais de 100 mil pessoas foram mortas e 400 mil torturadas em decorrência das ações da operação na região.
O grupo de trabalho será presidido pela advogada Rosa Maria Cardoso da Cunha, que faz parte da Comissão Nacional da Verdade, a professora de história da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) Heloisa Maria Murgel Starling, o jornalista Luiz Cláudio Cunha e Paula Rodrigues Ballesteros – assessora da Comissão Nacional da Verdade. Todos exercerão as atividades sem remuneração por “prestação de serviço relevante” ao país.
A determinação do grupo é “esclarecer os fatos, as circunstâncias e os autores dos casos de graves violações, torturas, muitos desaparecimentos forçados e ocultação de cadáveres” durante a Operação Condor, diz o texto que estabelece a atuação dos integrantes. Não há fixação de prazos nem períodos para a conclusão dos trabalhos. A resolução que define a criação do grupo de trabalho está publicada no Diário Oficial da União desta terça-feira (25/9).
No último dia 17, a Comissão Nacional da Verdade formalizou a decisão de criar um grupo de trabalho destinado a investigar a Operação Condor. Na ocasião, o jornalista Luiz Cláudio Cunha, que atuou na investigação sobre as ações da operação, lembrou que houve uma reunião secreta em Buenos Aires, na Argentina, em 1974, para definir a estratégia político-militar.
Para integrantes da Comissão Nacional da Verdade, o grupo de trabalho poderá apurar alguns episódios polêmicos da história nacional, como as mortes dos ex-presidentes João Goulart e Juscelino Kubitschek, ambos em 1976, durante a vigência da Operação Condor. Goulart governou o Brasil de 1961 até ser deposto pelo golpe militar de 1964. Ele morreu em dezembro de 1976, na Argentina, oficialmente de ataque cardíaco. A versão é contestada por parentes que acreditam em envenenamento por agentes da Operação Condor.
No caso de Kubitschek, a comissão recebeu da Ordem dos Advogados do Brasil Seccional Minas Gerais (OAB-MG) um relatório contestando a versão sobre a morte dele em consequência de um acidente de carro. “Vamos analisar toda a documentação e investigar o que foi relatado”, disse Cláudio Fonteles, integrante da Comissão Nacional da Verdade, no último dia 17.

Senado vai sabatinar hoje Teori Zavascki


A uma semana do início do julgamento dos principais réus do mensalão, como o ex-ministro da Casa Civil José Dirceu e o ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares, a Comissão de Constituição e Justiça do Senado vai sabatinar o próximo integrante do Supremo Tribunal Federal, Teori Zavascki, hoje à tarde. Ao contrário dos antecessores, que foram questionados sobre temas doutrinários debatidos na Corte e responderam a perguntas técnicas, em matéria de direito penal, processual e civil, Teori será pressionado a tratar também de temas políticos. O ministro indicado pela presidente Dilma Rousseff será exaustivamente questionado sobre o processo do mensalão e a oposição vai usar essa estratégia para tentar adiar a aprovação. O objetivo é postergar a posse de Teori para depois das eleições.

Zavascki será ouvido na CCJ do Senado, a partir das 14h (Luiz Antonio Ribeiro)
Zavascki será ouvido na CCJ do Senado, a partir das 14h


Os parlamentares da oposição argumentam que a entrada de Zavascki no STF durante o curso da ação lança suspeitas sobre o futuro do processo. Depois da sabatina, o plenário precisará apreciar a nomeação, o que está previsto para ocorrer na sessão de hoje ou amanhã. Líder do PSDB, o senador Alvaro Dias (PSDB) procurou o presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), para pedir que ele intercedesse ao presidente da CCJ, Eunício Oliveira (PMDB-CE), para adiar a sabatina para a semana seguinte às eleições municipais, marcadas para 7 de outubro. Sarney, porém, não atendeu ao apelo do tucano, argumentando que somente o comandante da CCJ poderia remarcar o procedimento.

“No caso de outros ministros do STF, o intervalo entre a nomeação e a sabatina no Senado chegou a seis meses. Por que não esperamos passar a eleição? Qual o motivo de tanta pressa da base aliada agora? A velocidade, desta vez, autoriza a suspeição do indicado”, criticou Dias. Diante da negativa de Sarney, segundo o líder do PSDB, a bancada do partido que integra a CCJ já tem uma estratégia para tentar impedir a posse de Zavascki hoje. Os parlamentares vão abordá-lo com perguntas a respeito do mensalão, entre elas, se o novo ministro pretende assumir a cadeira do STF imediatamente e, em caso de decidir ocupá-la, se tem a intenção de pedir vista dos autos.

Recesso branco

Caso Zavascki não responda claramente a questões como essas, os opositores tentarão estender a sessão na CCJ, fazendo mais perguntas e pedindo a palavra, com a finalidade de evitar que o nome dele passe pela comissão e siga para plenário ainda hoje. Eles têm como principal aliado o recesso branco das eleições, período em que não há sessões todas as semanas e quando o Congresso funciona apenas em sistema de esforço concentrado.

Eunício Oliveira nega que tenha havido pressa para organizar a sabatina e explica que só marcou a reunião da CCJ para a tarde de hoje porque já havia uma convocação do Congresso para votar o Código Florestal. “Não houve nenhum tipo de pressão para marcar a data, estamos na nossa rotina”, comentou o senador.

Maioria absoluta

O artigo 101 da Constituição Federal define as regras para a nomeação de ministros para o Supremo Tribunal Federal. De acordo com a legislação, os 11 integrantes devem ter entre 35 e 65 anos, além de notável saber jurídico e reputação ilibada. Esse mesmo artigo estabelece que os ministros são nomeados pelo presidente da República, “depois de aprovada a escolha pela maioria absoluta do Senado Federal”. Segundo a Constituição, cabe ao Supremo processar e julgar ações de inconstitucionalidade de leis ou atos normativos federal ou estadual. A Corte também julga infrações penais comuns contra o presidente da República, o vice-presidente, os integrantes do Congresso, seus próprios ministros e o procurador-geral da República. O mensalão só está no STF porque três dos réus têm mandato de deputado federal. O Supremo também analisa habeas corpus, litígios com outros países ou organismos internacionais, além de ações contra o Conselho Nacional de Justiça ou o Conselho Nacional do Ministério Público.

Goteira no STF

Um vazamento de água causou prejuízos e deu trabalho a funcionários do Supremo Tribunal Federal ontem à tarde. Um problema no ar-condicionado da Corte provocou uma forte goteira em um dos locais destinados a jornalistas que fazem a cobertura do caso do mensalão. Computadores foram danificados pela água e as equipes de limpeza e de manutenção do STF tiveram que colocar baldes para conter a goteira, além de placas para alertar sobre o chão molhado.

domingo, 23 de setembro de 2012

CLT é 'paternalista' e precisa de reforma, defende presidente do TST


O ministro-presidente do Tribunal Superior do Trabalho (TST), João Oreste Dalazen, classificou a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) como "intervencionista" e "paternalista" e defendeu uma reforma no conjunto de regras sobre os direitos do trabalhador. Para o ministro, a legislação precisa privilegiar a negociação entre empregados e patrões.
"O fundamental de uma reforma trabalhista é abrir espaço de negociação entre empregado e empregador. Isso reduziria os impasses nas relações de trabalho, que são muito engessadas. A legislação é intervencionista e paternalista", declarou Dalazen. Para ele, é preciso, "sob certas condições", abrir espaço para a negociação coletiva, como forma de "se atenuar o rigor de certas normas".
 O TST apresentou na semana passada uma série de mudanças na interpretação de questões trabalhistas. Para o presidente do TST, as chamdas "súmulas" são importantes para manter o entendimento dos direitos com base nas situações atuais.
O tribunal pode usar as súmulas para interpretar a lei, mas não pode criar ou retirar direitos previstos na CLT. Segundo Dalazen, a CLT – que vigora desde 1943 – "cumpriu papel histórico importante", mas precisa ser atualizada. O magistrado destacou, porém, que, na alteração, deve ser feita "mantida a coluna vertebral".
"Não se quer suprimir o espírito protecionista. O direito do trabalho vive à sombra da proteção do hipossuficiente, do empregado que se sente em situação de inferioridade perante o empregador", declarou. Na avaliação de Dalazen, não são válidos os argumentos de que a atualização da CLT levará à perda de direitos.
"É o argumento daqueles que querem manter a situação como está, quando o objetivo da atualização e revisão é, primeiramente, suprir lacunas, e, em segundo lugar, rever questões em que a normatização é anacrônica, arcaica. [...] O princípio é o da proteção, e certas normas básicas haverão de ser mantidas."
O presidente do tribunal destacou que a lei federal não disciplina, por exemplo, questões importantes como normas relativas a assédio moral, terceirização ou condutas antissindicais por parte dos empregadores.
O presidente do TST afirmou que há trechos que precisam ser revogados da legislação, como o que define que a hora para o trabalho noturno tem 52 minutos, e não 60 – ele classificou a regra como "norma esdrúxula".
O ministro também citou como "prejudicial" a exigência de creches em grandes empresas, direito que o governo autoriza que seja substituído por "reembolso-creche".
"Não é possível uma legislação que seja tão intensamente intervencionista nas relações de trabalho. A CLT tem mais de 900 artigos. A maioria das legislações de outros países tem menos de cem ", afirmou.
Cautela
O procurador-geral do Trabalho, Luís Camargo, também defende a atualização, mas pede cautela.
"A CLT precisa ser atualizada, sim, mas desde que não haja supressão de direitos dos trabalhadores. É preciso ampliar os canais de negociação entre as partes, mas o negociado não pode se sobrepor ao legislado, ou seja, uma negociação não pode prevalecer sobre o que diz a legislação", disse.
Para ele, é preciso atualizar direitos e não suprimi-los, "pois é fundamental ampliar a dignidade humana no trabalho".
O magistrago Germano Siqueira, diretor de assuntos legislativos da Associação Nacional dos Magistrados Trabalhistas (Anamatra), diz que poderiam ser alteradas normas em desuso, como termos ou questões que divergem da Constituição. Mas ele avalia que a legislação deveria ser modificada pontualmente.
"O governo pauta uma reforma ainda pouco clara da CLT. Em todos os países do mundo, quanto mais antiga a lei, é sinal de maior maturidade. A lei pode ser modificada em algum ponto ou outro. Não pode ser feita uma revisão de direitos", declarou.

sexta-feira, 21 de setembro de 2012

Ao lado de artistas, Dilma lança plano para reduzir acidentes no trânsito


A presidente Dilma Rousseff lançou nesta sexta-feira (21) uma campanha permanente de conscientização no trânsito com o objetivo de diminuir o número de mortes nas estradas e ruas do país.
A campanha faz parte da Semana Nacional de Trânsito 2012, cujo tema deste ano é “Não exceda a Velocidade. Preserve a Vida”.
Segundo o ministro Aguinaldo Ribeiro, o Ministério das Cidades prevê gastar R$ 70 milhões somente neste ano com a campanha. O plano também envolve ações dos ministérios da Saúde, da Justiça e da Educação, mas o custo nessas pastas não foi divulgado.
“Nós temos a parte de educação, conscientização e mobilização, divulgação, tem um exame. Tudo isso está previsto para, nessa etapa agora de mobilização, previsão de R$ 70 milhões nessa ação toda”, afirmou o ministro. Ribeiro não soube especificar se essa verba será disponibilizada por meio de crédito extraordinário ou se sairá do próprio orçamento da pasta.
A cerimônia de lançamento, no Palácio do Planalto, teve presença de artistas que, juntamente com a presidente Dilma Rousseff, assinaram o Pacto pela Redução de Acidentes. Participaram a cantora Paula Fernandes, o ator Marcelo Tas, os jogadores de vôlei Virna e Nalbert, o ex-piloto de Fórmula 1 Émerson Fittipaldi, e a atriz Cissa Guimarães, cujo filho mais novo, Rafael Mascarenhas, morreu atropelado há dois anos.
A campanha faz parte do Pacto Nacional pela Redução de Acidentes (Parada – Um Pacto pela Vida), lançado em maio de 2011 e coordenado pelo Ministério das Cidades. As ações do Parada, antes sazonais, agora serão permanentes, segundo informou a pasta.
Em discurso no Palácio do Planalto, a presidente Dilma afirmou que o governo é responsável por  prevenir os acidentes, uma vez que elevou a classe média e, com isso, o número de veículos no trânsito.
"Cada vez mais que nos tornamos um país desenvolvido e um país de classe média e que temos essa quantidade de veículos em circulação. É exigido de nós [...] a reponsabilidade com a vida em sociedade e com os valores relativos à civilidade nessas relações", disse Dilma.
"Que a gente não seja, eu diria de uma forma muito forte, não sejamos cúmplices quando nos omitimos. Isso significa também que temos de tomar aquelas medidas necessárias para que haja uma correspondência entre essa realidade e a legislação", completou.
A presidente também pediu a colaboração da indústria automobilística. "Nós precisamos de, numa relação muito cooperativa com a indústria, elevar o padrão de segurança dos nossos automóveis."
Segundo ela, o governo tem feiito sua parte no que se refere à melhoria das estradas brasileiras e no investimento a transporte público.
"Juntos podemos fazer do trânsito uma oportunidade de exercitar nossa solidariedade e nossa prudência. Nossa cidadania e nosso respeito a esse bem que todos nós sabemos que é o mais precioso de todos, que é a vida", discursou a presidente.
Dados da OMS

De acordo com dados da Organização Mundial de Saúde (OMS), o Brasil ocupa a 5ª colocação entre os países recordistas em acidentes de trânsito, atrás da Índia, da China, da Rússia e dos Estados Unidos.

De acordo com o ministro das Cidades, Aguinaldo Ribeiro, a cada ano, 42 mil pessoas morrem em acidentes de trânsito. “Temos que diminuir uma estatística com a qual não queremos nem podemos mais conviver”, declarou o ministro.
A meta do Parada é reduzir em 50% o número de óbitos no período entre 2011 e 2020, conforme resolução da OMS assinada pelo Brasil. “Não podemos continuar desperdiçando nosso futuro”, afirmou o ministro. “Não podemos sobretudo desperdiçar tantas vidas e permitir que tantas famílias sejam atingidas por fatalidades que poderiam ser evitadas”.
O ministério planeja realizar ações pontuais em grandes eventos festivos pelo país. No mês de outubro, por exemplo, haverá distribuição de kits e campanha de conscientização para o público do festival de música Planeta Terra e da Oktoberfest.
Fala emocionada

A atriz Cissa Guimarães discursou durante a cerimônia e criticou a pena para quem provoca morte no trânsito, atualmente de, no máximo, quatro anos. Bastante emocionada, ela vestia uma camiseta com a foto do filho. A presidente Dilma também usou a camiseta com a imagem de Rafael Mascarenhas durante todo o evento.

“Precisamos fazer um pacto para que nossos legisladores criem e melhorem as condições de penalizar quem comete crimes contra a vida no trânsito”, disse a atriz. “Que os agentes públicos se sintam comovidos com quem perdeu seus entes queridos”, declarou.
A campanha tem apoio da Federação Internacional de Automobilismo (Fia) e do Instituto Emerson Fittipaldi. Na semana passada, o ex-piloto de Fórmula 1, em parceria com o Ministério das Cidades, promoveu o World Endurance Championship – 6 Horas de São Paulo, evento automobilístico para promover a campanha.

quinta-feira, 20 de setembro de 2012

Indicado de Lula ao STF, Joaquim Barbosa Gomes é um ex-faxineiro que venceu o preconceito racial



Um ex-torneiro mecânico pernambucano indicou nesta quarta-feira um ex-faxineiro mineiro para ocupar uma vaga entre os Ministros do Supremo Tribunal Federal. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva escolheu o doutor da Universidade da Sorbonne e procurador do Ministério Público Federal Joaquim Benedito Barbosa Gomes, 48 anos, para ocupar uma vaga entre os Ministros do Supremo Tribunal Federal. No dia 7 de maio de 2003, o abismo social brasileiro simbolicamente ficou um pouco menor. O jovem negro que cuidava da limpeza do Tribunal Regional Eleitoral de Brasília está prestes a chegar ao topo da carreira da Justiça após quatro décadas de vitórias contra desigualdades sociais e raciais. 

A primeira foi em Paracatu, interior de Minas, onde nasceu numa família de sete irmãos, com a mãe dona-de-casa e o pai pedreiro e, mais tarde, dono de uma olaria. Lá, percebeu que só o estudo poderia mudar a sua história. Já aos 10 anos dividia o tempo entre o trabalho na  microempresa da família e a escola. O saber era quase uma obsessão. 

- Uma das piores lembranças da minha infância foi o ano em que fiquei longe da escola porque a diretora baixou uma norma cobrando mensalidade. No ano seguinte, a exigência caiu e voltei à sala de aula. Estudar era a minha vida e conhecer o mundo o meu sonho. Adorava aprender outras línguas - contou Joaquim Barbosa numa entrevista em agosto de 2002 para o projeto de um vídeo sobre a mobilidade social dos negros no Brasil. 

O domínio de línguas estrangeiras foi a engrenagem para mobilidade social de Joaquim Barbosa. Aos 16 anos, deixou a família e a infância em Minas e foi atrás de emprego e educação em Brasília. Dividia o tempo entre os bancos escolares e a faxina no TRE do Distrito Federal. Um dia, o mineiro, na certeza da solidão, cantava uma canção em inglês enquanto limpava o banheiro do TRE. Naquele momento, um diretor do tribunal entrou e achou curioso uma pessoa da faxina ter fluência em outro idioma. A estranheza se transformou em admiração e, na prática, abriu caminho para outras funções. Primeiro como contínuo e, mais tarde, como compositor de máquina offset da gráfica do Correio Brasiliense. A conquista não sairia barato. 

- Lembro de uma chefe que me humilhava na frente dos companheiros de trabalho e questionava minha capacidade. No início, foi difícil, mas acabei me estabilizando no emprego e mostrando o quanto era profissional. 

A renda aumentou, mas ainda era pouca para ele e a família lá em Minas. Foi trabalhar também no Jornal de Brasília acumulando dois empregos e jornada de 12 horas. Mais tarde, trocou os dois por um. Foi para Gráfica do Senado trabalhar das 23h às 6h da manhã.  Depois do trabalho, a Universidade de Brasília. O único aluno negro do curso de direito da UnB tinha que brigar contra o sono e a intolerância. 

- Havia um professor que, ao me ver cochilando, me tirava da sala. 

Joaquim Barbosa continuava sonhando acordado. Prestou prova para oficial da chancelaria do Itamaraty e passou. Trocou o bem remunerado emprego do Senado por um, que pagava bem menos. Mas o novo trabalho tinha uma vantagem incalculável: poder viajar para a Europa. Durante seis meses, conheceu países como Finlândia e Inglaterra. De volta ao Brasil, prestou concurso para carreira diplomática. Foi aprovado em todas as etapas e ficou na entrevista: a única na qual a cor de sua pele era identificada. 

Após esse episódio, a consciência racial de Joaquim Barbosa, que começou a ser desenhada na adolescência, ganhou contornos mais fortes. Ganhou novas cores, quando, já como jurista do Serpro, conheceu o país, especialmente o Nordeste e, em particular, Salvador. Bahia foi uma paixão a primeira vista do mineiro. Foi lá  onde Joaquim Barbosa teve um contato  maior com o que ele chama de "Negritude". 

A percepção de ser minoria entre as elites ficou ainda mais nítida fora do país. O jurista explica que o sentimento de isolamento e solidão é muito forte num "ambiente branco" da Europa. Ser uma exceção aqui e no além mar ficou ainda mais forte após o doutorado na Universidade de Sorbonne. Nessa época já acumulava títulos pouco comuns para maioria das pessoas com a mesma cor de pele: Procurador do Ministério Público e professor universitário. Antes, já tinha passado pela assessoria jurídica do Ministério da Saúde. 

O exercício de vencer barreira, de alguma forma, está em sua tese de doutorado, publicada em francês. O doutor explica que o seu objeto de estudo foi o direito público em diferentes países, como os EUA e a França. 

- A minha  intenção foi ultrapassar limites geográficos, políticos e culturais. Quero um conhecimento que vá além da fronteiras dos países - disse.


Luciano Dias, GloboNews.com

segunda-feira, 17 de setembro de 2012

Sarney atrasa pedido de acesso do CQC ao Senado


Um abaixo-assinado apoiado por 43 senadores pede que seja autorizada a entrada dos integrantes do programa humorístico-jornalístico. A tramitação do pedido foi suspensa por ação do próprio presidente do Senado


Divulgação
Marcelo Tas, líder do CQC: homens de preto estão proibidos de entrar no Senado há quase dois anos
Há quase dois anos impedido de entrar no Senado, o programa humorístico-jornalístico CQC, da TV Bandeirantes, vive uma situação que, não estivesse registrada nos anais da Casa legislativa, poderia ser confundida com uma das piadas da atração. Tudo começou meio que na brincadeira, quando a equipe resolveu fazer entre os próprios senadores um abaixo-assinado para por fim à proibição – seguranças têm recomendação expressa para manter a equipe do programa do lado de fora. Iniciada de maneira informal, a lista de senadores dispostos a ajudar o CQC virou matéria formal sob apreciação da Mesa Diretora e, como tal, teve interrompida a sua tramitação. O motivo: o presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), pediu vista do processo para examinar os temos do “requerimento”.

Veja que senadores apoiaram a entrada do CQC no Senado (quando o abaixo-assinado foi feito, Demóstenes Torres ainda era senador e filiado ao DEM)

Sarney não esconde que é contra a atuação do CQC na sua proposta original – a sátira política, em que entrevistas com senadores, caracterizadas pelo humor escrachado, nem sempre são bem recebidas pelos entrevistados. Para o senador, pela quarta vez não consecutiva no comando do Senado, o CQC não faz um trabalho propriamente jornalístico e, por isso, não pode receber credencial permanente para entrar livremente, a qualquer instante, na Casa. Mesmo que alguns dos integrantes do programa tenham diploma de Jornalismo – a começar por Marcelo Tas, que comanda a trupe e tem longa carreira jornalística.
Mas o próprio regimento interno permite a atuação de produções como o CQC. O Ato da Mesa Diretora Nº 8 de 2010, que normatiza o processo de credenciamento, trata da possibilidade no capítulo “Da produção não jornalística”. O artigo 15 define três dias de antecedência para pedidos de credenciamento, que deve relatar “o conteúdo detalhado da produção e do pré-roteiro; a sua finalidade; a data e horário de sua realização; as dependências que serão utilizadas”, bem como a “cópia do RG, CPF, comprovante de residência e função dos profissionais que participarão da produção”. Formalidade que, em análise imediata, engessaria o formato do programa.

Confira a íntegra do ato

Mas, no artigo seguinte (16), o Senado avisa. “Verificado o descumprimento de um ou mais itens do artigo anterior, o primeiro-secretário poderá suspender a autorização da produção, até que se restabeleçam as condições originais do pedido”. Extra-oficialmente, a razão para o veto ao CQC foi o fato de que o credenciamento provisório concedido ao programa estava com prazo expirado, mas a equipe continuou fazendo uso dele. No entanto, os próprios integrantes do CQC lembram que, antes de o programa ganhar a visibilidade atual, bastava a identificação nos acessos à Casa, como qualquer cidadão, para adentrar as dependências.
“A Mesa [Diretora] pediu mais tempo para examinar o requerimento. Pelo regimento, só jornalistas podem ser [permanentemente] credenciados. Se for uma produtora, ela tem de fazer um trabalho específico com data e hora marcados”, explicou ao Congresso em Foco o diretor da Secretaria de Comunicação do Senado, Fernando César Mesquita, acrescentando que não há data definida para a deliberação, que pode ser retomada na próxima reunião do colegiado. Ainda segundo o diretor, estão em exame questões como o limite de credenciais por veículo de comunicação – no caso, a TV Bandeirantes – e a admissão do trabalho de profissionais do CQC como jornalístico, uma vez que o Senado não o considera como tal.

Metade mais um

Há alguns meses, diante da disposição do Senado em negar o acesso, o programa resolveu colher assinaturas de apoio entre os próprios senadores. Aos poucos, a ideia foi dando certo, com a devida exploração bem-humorada nas edições dos programas, até que atingiu 43 adesões – nos moldes do regimento interno, mais do que o mínimo suficiente (metade mais um do total de 81 senadores) para a aprovação de determinados projetos legislativos. O ex-senador goiano Demóstenes Torres (ex-DEM), segundo na história a ser cassado na Casa, é um dos que assinam a lista. Antes da cassação, era presença constante no programa.
Mas nem o primeiro-secretário do Senado, Cícero Lucena (PSDB-PB), a quem cabe a autorização do credenciamento segundo “mérito, conveniência e oportunidade”, nem o quarto-secretário da Casa, Ciro Nogueira (PP-PI), encarregado do pedido do CQC na Mesa Diretora, estão entre os signatários do abaixo-assinado. Também recusaram assinar o “documento” nomes como o líder do PMDB, Renan Calheiros (AL), Romero Jucá (PMDB-RR), há até pouco tempo líder do governo no Senado, e, obviamente, José Sarney, três das principais lideranças da instituição – não por acaso, alvos constantes das entrevistas fortuitas antes corriqueiras no Salão Azul.
Muitas destas ocasiões evidenciam o desconforto de alguns senadores com a presença dos “homens de preto” do CQC. Em maio de 2005, o programa mostrou, com base em reportagem deste site, que oito dos 15 senadores do Conselho de Ética do Senado respondiam a processos no Supremo Tribunal Federal. Senadores com Roberto Requião (PMDB-PR), que também não assina a lista, e Renan Calheiros não gostaram nada abordagem do Custe o Que Custar – o nome do programa, menos conhecido do que a sigla.
A partir do oitavo minuto do vídeo abaixo, o tempo fechou entre Danilo Gentili, que ainda integrava a equipe do CQC, e Renan. E dentro do elevador privativo: “Nomear o senhor para o Conselho de Ética é como nomear o Fernandinho Beira-Mar para a Secretaria Anti-Drogas?”, indagou Danilo. Renan, potencial próximo presidente do Senado, emudeceu.

“É uma minoria que não quer o CQC no Senado. Mas é uma minoria que tem muito poder, como Sarney, Renan e mais um ou dois, no máximo”, disse à reportagem um produtor de conteúdo do CQC, resguardando sua identidade para evitar problemas com o Senado. Ele disse que o programa teria conseguido mais assinaturas não fosse o problema de acesso à Casa, que impediram a coleta pessoalmente. “Uns seis senadores recusaram assinar. Se tivéssemos mais tempo, conseguiríamos muito mais.”
A assessoria do senador Ciro Nogueira disse que ele não é contra o acesso do CQC ao Senado, mas ressaltou que, para que este seja autorizado, é preciso que a Mesa Diretora delibere sobre o assunto e aprove o requerimento – que, por se tratar de credenciamento para “produção não jornalística”, e ainda pelas características do caso, recebeu a tramitação especial na Mesa. Na condição de quarto-secretário, argumenta, ele não pode atropelar a atribuição de seus pares.
Enquanto isso, o Plenário do Senado, onde a questão pode desembocar, vez ou outra registra depoimentos públicos de apoio ao pleito do CQC – como a que foi feita em meio às cadeiras azuis do palco legislativo por Randolfe Rodrigues (Psol-AP), que disputou com Sarney, em 2011, a Presidência da Casa. “Estou de acordo com a manifestação do senador Randolfe Rodrigues”, aparteou Eduardo Suplicy (PT-SP). “Endosso a posição dos senadores”, arrematou Ana Amélia (PP-RS), que presidia a sessão plenária na ocasião.

domingo, 16 de setembro de 2012

Lei da Ficha Limpa barra centenas de candidatos

Colaboraram Aline Lamas, Marcelle Souza e Tahiane Stochero, do G1, em São Paulo 

Pelo menos 868 candidatos a prefeito, vice-prefeito e vereador em todo o país foram barrados com base na Lei da Ficha Limpa pelos Tribunais Regionais Eleitorais, segundo levantamento do G1 com base nas decisões da segunda instância da Justiça Eleitoral.
O número de barrados representa 0,2% do total de 481.156 candidaturas registradas no país pelo TSE. Até a sexta-feira (14/9), eram 450.521 registros de candidatos aptos e 30.425 inaptos, ou seja, que não cumpriram os requisitos determinados pela Justiça Eleitoral para se candidatar.
Os candidatos que tiveram o registro indeferido em primeira instância, pelo juiz eleitoral, puderam recorrer aos TREs. O prazo para o julgamento dos recursos nos tribunais estaduais terminou no dia 23 de agosto. Nesta data, todos os processos e resultados já deviam ter sido encaminhados ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
Ao todo, 13 estados informaram ter julgado todos os casos de registro de candidatura. Os demais afirmaram restar poucos processos a serem analisados. O estado que mais possui processos pendentes é São Paulo: cerca de 200, segundo o TRE-SP.
O TSE informou ter recebido 2.598 recursos de candidatos até a sexta-feira (14), mas não possui levantamento sobre quantos se referem especificamente à Lei da Ficha Limpa. A estimativa da Corte é que o total de processos ultrapasse 15 mil nesta eleição. Na última, foram em torno de 5 mil.
Até a publicação desta reportagem, os tribunais de Paraná, Goiás e Acre não possuíam os números relativos à Lei da Ficha Limpa. O TRE da Bahia não possui o levantamento, mas forneceu todas as decisões tomadas até a sexta (14). O TRE do Rio de Janeiro não forneceu nenhum dado.
Segundo a lei eleitoral, os candidatos barrados em segunda instância com direito a recurso podem continuar concorrendo normalmente até a decisão definitiva do TSE. Por isso, a grande maioria dos candidatos barrados nos TREs pode ser eleita no dia 7 de outubro, data das eleições municipais.
A Lei da Ficha Limpa também não impede a propaganda, mas cabe ao candidato e ao partido avaliarem o risco de continuar as campanhas depois do indeferimento. Isso porque, de acordo com a legislação eleitoral, a candidatura chamada “sub judice”, pendente de decisão final, não conta votos para a legenda no quociente eleitoral.
Enquanto não há definição pelo TSE, os votos do candidato que decidiu continuar na disputa são apenas contabilizados, mas aparecem como resultado final zero enquanto “aguardam” a liberação do registro. Caso a candidatura seja barrada em definitivo, os votos são descartados.
Se o TSE não julgar os recursos a tempo, o candidato "sub judice" também pode ser considerado o vencedor de uma eleição até a posse, mas não será o diplomado no cargo. Nesse caso, quem toma posse é o segundo colocado. Isso porque a lei exige o registro de candidatura deferido para exercer o mandato.
Já se a decisão definitiva for de deferimento, seus votos podem passar a contar na eleição e alterar o cenário eleitoral como um todo. Os casos mais complexos podem chegar ao Supremo Tribunal Federal (STF).
A Lei da Ficha Limpa (Lei Complementar 135) começa a valer na prática nesta eleição e inclui situações ocorridas antes da vigência da norma. Entre elas, barra políticos condenados pela Justiça em decisão colegiada (por mais de um desembargador), mesmo em processos não concluídos.
A lei também impede a candidatura do político que renunciar ao mandato quando já houver representação ou pedido de abertura de processo, aumentando o período de inelegibilidade para o que resta do mandato, mais oito anos. Antes, ia de 3 a 8 anos.
O projeto surgiu da iniciativa do Movimento de Combate à Corrupção Eleitoral (MCCE), que reuniu mais de 1,6 milhão de assinaturas de eleitores desde o lançamento da proposta, em setembro de 2009.


Saiba como utilizar a internet para conhecer mais sobre seu candidato




DADOS DE CANDIDATURAS BARRADAS POR LEI DA FICHA LIMPA NOS TREs
AC2
AL6
AM9
AP6
BA31
CE176
ES*5
GONão informou
MA28
MG148
MS4
MT35
PA44
PB50
PE16
PI31
PRNão informou
RJ12 (até julho)
RN23
RO15
RR17
RS65
SC37
SE4
SP76
TO28
*Somente candidatos a prefeito
OBS: Os dados são parciais e foram fornecidos pelos TREs e Procuradorias Regionais Eleitorais de 23 estados.